Percorro horizontes nas asas dos pássaros que desenho.
São presença no nascer e no por do sol.
Cantos, revoadas, encantos. Pássaros em voo são mestres em duas asas, livres, vem e vão quando querem.
Olhos atentos, penas macias, desalinhadas.
Veem a paisagem sob outra perspectiva, no mínimo diferente da nossa, do céu para a terra.
Lançam-se inteiros no vazio. Voam rápido, fazendo manobras, desafiando a gravidade, riscando o azul do céu com o colorido de suas asas.
Nada os limita! Sou atraída pela liberdade ousada de seus voos.
Os vejo como seres multidimensionais, sem fronteiras migratórias.
Levam e trazem histórias.
Eles são para o que vieram, ser pássaro! Junto deles surge a flor da vida, como um portal que possibilita a travessia.
Por ali passam certezas e incertezas que podem cruzar o caminho a se atravessar. Portas abertas, sem a necessidade de chegar e ficar.
Posso ir e voltar. Passado e futuro. O ciclo infinito do nascer e morrer para continuar.
O lado de cá e o lado de Em mim fica a gratidão a cada exemplar que se permitiu ser desenhado.
Os trago, na tentativa humana e simplória de expressar a luz da estrela que brilha no que faço, de me fazer merecedora dessa mesma liberdade a qual eles desfrutam.
Busco neles não apenas inspiração, mas que o processo de pesquisa e produção, o entender e sentir “ser pássaro”, façam com que eu me atreva a me tornar pássaro, ganhar asas e voar.